REPÚBLICA DO BRASIL - REPÚBLICA VELHA
Dá-se o nome de República Velha ao período da história brasileira compreendido entre a Proclamação da República (1889) e a ascensão de Vargas ao poder (1930). Tal período pode ser dividido em 3 fases (na verdade, são 2 e a segunda é subdividida): República da Espada, República Oligárquica e República do Café-com-leite (que não deixa de ser parte da Oligárquica).
- República da Espada (1889 - 1930)
Iniciado com o golpe republicano de 15 de novembro, o governo republicano brasileiro começou com a presidência do Marechal Deodoro da Fonseca, que (como já vimos em outro resumo) teve de renunciar graças à 1ª Revolta da Armada - o almirante Custódio de Melo, em resposta às medidas ditatoriais de Deodoro, como o fechamento do Congresso, ameaça bombardear a cidade do Rio de Janeiro. Com a renúncia de Deodoro, o certo seria convocar eleições (pois o vice só poderia assumir depois da metade do mandato; como a renúncia foi antes disso, nada feito), mas Floriano Peixoto, vice-presidente, assumiu ilegalmente a presidência e disse que governaria um mandato inteiro. Contra tal medida ditatorial, Custódio de Melo se lançou novamente contra o governo central, ameaçando bombardear o Rio. Floriano, mais rápido, organizou uma contra-ofensiva e expulsou a Marinha do Rio, perseguindo-a até Santa Catarina, onde a Marinha havia se instalado com apoio dos separatistas. Com auxílio dos gaúchos nacionalistas, Floriano massacrou a 2ª Revolta da Armada e a Revolução Separatista na cidade de Desterro, que mudou de nome para Florianópolis (bem modesto o cara). Terminado o seu mandato, Floriano e o exército retiraram-se da política para só voltar muito tempo depois.
- República Oligárquica (1894 - 1906) ou Ditadura dos Cafeicultores
O primeiro presidente eleito pela cafeicultura foi o paulista Prudente de Morais. No seu mandato, criou regras de protecionismo comercial favorecendo os cafeicultores de São Paulo. Depois de Prudente, veio o também paulista Campos Sales, que ficou conhecido por sua política de troca de favores e tráfico de influência, chamada de Política dos Governadores (ex: o governador de goiás quer que sua filha trabalhe no exterior. Sendo assim, pede ao presidente que facilite a admissão de sua filha. Feito isso, o governador fica devendo ao presidente um favor e, quando necessário, o presidente poderia, por exemplo, pedir ao governador que influenciasse os senadores goianos para votarem a favor de uma lei do partido do presidente). Com tal prática, Campos Sales controlava, indiretamente, grande parte dos estados brasileiros (menos o Rio Grande do Sul, mas depois falamos dos gaúchos).
Com a saída de Campos Sales, é "eleito" o presidente Rodrigues Alves. Governou sob tutela dos cafeicultores e aproveitou dos muitos favores devidos a Campos Sales pelos governadores. No fim de seu mandato, a cafeicultura estava enfrentando problemas financeiros: o café brasileiro não estava mais no primeiro lugar isolado do consumo externo, além de produzir numa escala muito maior do que estava conseguindo escoar (vender). Com os excedentes, o preço tenderia a despencar e os cafeicultores quebrariam. Para evitar tal tragédia (pois era o café que movia economicamente e politicamente o país), os Barões do Café se reuniram na cidade paulista de Taubaté para decidir que medidas seriam tomadas para se evitar uma crise. Extremamente submisso, Rodrigues Alves concordou com as decisões tomadas e assinou o "Convênio de Taubaté" (1905), que garantia que o governo brasileiro compraria todo o excedente da produção de café nacional, mantendo os preços e os lucros da cafeicultura. Como Rodrigues Alves sairia no final daquele ano de 1905, o próximo presidente que arcaria com o fardo.
Mas, antes de darmos continuidade, vejamos agora os motivos para a insatisfação dos gaúchos com os paulistas. Além de São Paulo e Rio, os Estados mais participativos na política nacional desde os primórdios do Brasil Império eram Minas Gerais (Inconfidência Mineira) e Rio Grande do Sul (Revolta Cisplatina, Farroupilha, Revolta Separatista). Os mineiros nunca foram de se mostrar, esperando sempre a hora certa para se manifestar no cenário político ("astutos"). Já os gaúchos sempre foram mais exaltados, criticando a torto e a direito o governo central ("enrustidos"). Com a manutenção do governo nas mãos dos paulistas (corrupção, voto de cabresto, política dos governadores), os gaúchos estiveram sempre criticando e denunciando as práticas ilegais de SP. Cansados de serem deixados de lados nas decisões políticas, os mineiros começaram a traçar uma possível aliança com os gaúchos para retirar os paulistas do poder. Os manos viram o trampo que tava rolando na parada e decidiram cortar logo o barato dos gaúchos, chamando os mineiros para dividirem o poder. Barbaridade, tchê?! Novamente isolados, os gaúchos continuaram criticando a então instaurada Política do Café-com-Leite (acordo de alternância de poder entre paulistas e mineiros), que durou até 1930.
- República do Café-com-Leite (1906 - 1930)
- Afonso Pena - Minas Gerais
- Nilo Peçanha - São Paulo
- Hermes da Fonseca - Rio Grande do Sul (exceção à política café-com-leite, para amainar as críticas dos gaúchos ao governo central)
- Venceslau Brás - São Paulo
- Delfim Moreira - Minas Gerais
- Epitáfio Pessoa - São Paulo
- Artur Bernardes - Minas Gerais
- Washington Luís - São Paulo
Depois de W. Luís, termina a Política do Café-com-Leite e, junto com ela, termina a República Velha (1930), pois houve uma revolução militar, chamada Revolução Tenentista, que foi responsável por derrubar a cafeicultura do poder e colocar na presidência um representante que agradasse aos gaúchos (que não mais suportavam a alternância SP -MG e pediram ajuda ao Exército) e ao Exército (responsáveis pela Revolução). Começa aí uma nova fase da República Brasileira.
COMUNIDADE DE CANUDOS
A sociedade solidária fundada em Canudos (região do Norte da Bahia; início da República Velha), teve como iniciador e líder o chamado Antônio Conselheiro, considerado um líder messiânico. Antes, então, de vermos o que foi a comunidade de Canudos, vejamos o que seria o messianismo. Messiânico é tudo aquilo que se refere a um messias, alguém enviado para servir a uma causa maior que ele. Os exemplos mais concretos são os 3 fundadores das religiões monoteístas: Abraão (Judaísmo), Jesus Cristo (Cristianismo) e Maomé (Islamismo). O messianismo pode existir, então, no campo religioso (como os 3 exemplos) ou no campo político. O messianismo no campo político é diferente do religioso, pois o "messias" político não serve a uma causa maior, ele cria e prega a sua causa. Exemplos concretos são os ditadores Hitler e Mussolini, que se utilizavam da crença do povo em suas idéias para conquistar outros povos. Antônio Conselheiro foi uma mescla de messias político com messias religioso: ele teve o sonho de procurar uma região aonde seria estabelecida uma comunidade solidária. Ele pregava essa crença juntamente com sua fé católica, o que aproximou muitos fiéis de sua causa.
Sua caminhada à procura da região sonhada durou 17 anos, escolhendo a região de Canudos (norte da Bahia) como propícia para a fundação de sua sociedade. Seu projeto, que durou 4 anos - antes de ser destruído, foi um sucesso: ao final dos 4 anos, moravam em Canudos mais de 20 mil pessoas, sem contar os milhares de peregrinos que ali paravam para buscar aconselhamento com Antônio Conselheiro (daí ele pegou o apelido). Aconselhamento tal que podia ser, inclusive, de cunho religioso, o que incomodou os bispos baianos (que estavam perdendo "clientela"). Além dos bispos, Conselheiro tinha mais dois fortes inimigos: os latinfundiários que eram, inicialmente, donos das terras de Canudos e o governo federal, que via a sociedade independente de Canudos como uma ameaça à integridade nacional (além de Antônio Conselheiro falar bem de D. Pedro II, a quem tinha conhecido na maior seca do Nordeste - o Imperador estava numa visita para confortar e amainar os sofrimentos dos súditos nordestinos, o que cativou a simpatia e o respeito de Antônio).
Embora falasse bem de D. Pedro e da Monarquia, Conselheiro não pretendia criar um governo monárquico. Muito pelo contrário, o que ele instituiu foi um socialismo, de certa forma: era uma sociedade solidária, independente e auto-suficiente que chegou, inclusive, a exportar algodão para os EUA. Mas, sob o pretexto de que ele estava fazendo uma revolução, o governo tomou medidas para acabar com Canudos. Inicialmente, o governo baiano mandou 100 soldados. Todos morreram nas mãos dos jagunços (seguidores de Antônio Conselheiro que resistiam às invasões). Posteriormente, enviaram 600 soldados. Novamente, perderam todos. O Governo Central resolve, então, entrar na briga: 1600 soldados são enviados. Todos morrem (por incompetência: tinham equipamentos para uma abordagem surpresa mas atacaram em noite de lua cheia, podendo ser vistos claramente pelos jagunços). Depois de humilhado, o Exército resolve apelar: 10 mil homens são mandados para Canudos, que não conseguiu resistir por muito tempo - a população foi dizimada e Conselheiro morreu em combate.
A matéria do, que eu saiba, cai até aí. Talvez ele nem tenha dado Café-com-Leite em algumas salas, mas já fica aí. Abraços!
Aulinha de revisão, quarta-feira, no Galois da L2, das 14h às 18:30h!
10 comentários:
muito bom menino feliz!
santo felix
o Exército Brasileiro, como sempre, tem que chegar pra botar ordem na parada
viva o EB
félix, o "messias" do judaísmo foi abraão, como você disse, ou moisés?
Felix, Nilo Peçanha nao era representante de São Paulo, ele assumiu apenas por um ano pois era vice do Afonso Pena e este morrera, Nilo era fluminense (Rio) e chegou a apoiar a candidatura de Hermes da Fonseca contra a de Rui Barbosa (que era apoiado por São Paulo).
Só pra complementar o resumo, que está ótimo! Abraço cara!
Felix, a republica da espada foi de 1889-1894.
Felix, os gauchos nao eram enrustidos. eles metiam a cara mesmo e falavam o que pensavam.
Cabe ressaltar que a grande ilegalidade da "Política dos Governadores" foi o uso de dinheiro público para a concessão dos mesmos, visto que a troca de favores é perfeitamente aceitável, difundida e até essencial no meio político. E parece que você usou a palavra "enrustido" quando a significação era contrária, Félix.
George.
"enrustido" foi a palavra usada duas vezes pelo Paulo.
E eu troquei a data da República da Espada (89 -94) com a data da República Velha (89 - 1930).
Valeu as correções,
Abraços e boas provas!
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