maio 03, 2009

China, Irã, Iraque e Terrorismo

Vou colocar na ordem contrária da que ele deu na sala porque a parte mais importante é a primeira que ele deu. E como as pessoas lembram geralmente da última coisa, é mais didaticamente correto colocar por último (ok, na verdade é só porque eu achei mais fácil mesmo).

  • China Socialista
Com a Revolução Chinesa de 1949, os nacionalistas (que foram derrubados) foram para a ilha de Taiwan, formando a chamada China Nacionalista (capitalista; "república rebelde"), ficando a parte continental sob domínio dos comunistas, liderados por Mao Tsé-Tung. Mao ou bem, foi instalado o socialismo na China, com ênfase na indústria agrícola - base do regime Maoísta, contrário ao Stalinista, que investia principalmente na indústria de base - bélica e aeroespacial. Essas diferenças não foram suficientes para impedir uma aliança entre Stalin e Mao. Mao ou bem, essa aliança se estendeu até 1960, quando ocorreu o Rompimento ou Cisma Sino-Soviético, gerado pela ambição dos chineses de terem uma bomba atômica "Made in China".

De 60 a 72, a China Socialista traçou o que foi chamada de Trajetória Singular, ou seja, não estava ao lado de ninguém na Guerra Fria (nem EUA, porque eram capitalistas; nem URSS, porque eram bêbados). E, de 66 a 76, ocorreu um processo de endurecimento dos ideais socialistas no país, processo chamado de Revolução Cultural, baseado na perseguição política aos opositores do regime de Mao Tsé-Tung e na propaganda do partido Comunista, expurgando tudo que fosse influência ocidental. Foi um processo de fechamento do país e de estabelecimento do poder nas mãos do ditador Mao (haha, péssimo trocadilho).

Tal fechamento do país começou a ser rompido no ano de 1972, com uma visita surpresa do presidente dos EUA, Richard Nixon, à China. Com a visita, iniciou-se um projeto de Aproximação Sino-Americana, com o intuito de angariar (conseguir) aliados contra a URSS, o que foi chamado de Diplomacia Triangular (enquanto Pequim e Washington se aproximam, Moscou vai ficando isolada diplomaticamente). O projeto de aproximação dos dois países se oficializou em 76, quando morre Mao e assume Xiao Ping, que faz uma visita aos EUA no ano de 79.

  • Revolução Islâmica do Irã
Na década de 70, estava no poder no Irã o líder pró-Ocidente Xá Rezah Parlev, colocado no poder por intermédio de esquemas da CIA para evitar que um líder radical assumisse e nacionalizasse as companhias petrolíferas. Em 79, a população cansou-se dos favorecimentos dados aos Ocidentais por Parlev e, apoiada pelo Clero Fundamentalista Islâmico, derrubou o Xá do poder. Assume então o Aiatolá (líder religioso) Khomeini, que é, declaradamente, inimigo do Ocidente (EUA + Israel = Satãs). Além de inimigo declarado, Khomeini tem ideal expansionista, ou seja, sonha em conquistar os demais povos para o islamismo: a famosa Jihad - "guerra santa" (a esse ato de extremismo damos o nome de fundamentalismo - no caso, fundamentalismo religioso).

** Exemplo de fundamentalismo: Intifada (revolta das pedras)
  1. 1ª Intifada: ocorreu na Faixa de Gaza, em 1987, quando completaram-se 20 anos de ocupação israelense. Foi nessa revolta que nasceu o grupo político (com braço terrorista) Hamas.
  2. 2ª Intifada: ocorreu quando, em 2001, o primeiro-ministro judeu Ariel Sharon, para comemorar a sua vitória nas urnas, caminhou na Alameda das Mesquitas, rua sagrada para os árabes em Jerusalém Oriental. Foi apedrejado e os apedrejadores foram espancados/presos pela polícia israelense.
A Revolução Islâmica, além de gerar tensões que ocasionaram a 2ª Crise do Petróleo, ainda causou conflitos no Oriente Médio graças ao ideal expansionista iraniano, como veremos a seguir.

  • Guerra Irã-Iraque
Simultaneamente à Revolução Islâmica no Irã, ascendia ao poder no Iraque o sunita Saddam Hussein, que tinha o sonho de criar o "Grande Iraque" (ideal expansionista). Tal sonho entrou em choque com o ideal expansionista e fundamentalista do Irã, provocando a Guerra Irã-Iraque, que começou em 1980. Os iranianos tinham, a seu lado, o apoio dos soviéticos enquanto Saddam tinha o apoio dos americanos. Após 8 anos de guerra e impasse, foi acordada uma trégua (não, ela não estava dormindo, foi planejada num acordo). Foi um balde de água fria nos ideais expansionistas de Saddam e Khomeini.

** Na década de 80, as relações comerciais entre Brasil e Iraque eram bem estreitas, o que fez muitas empresas 9e seus funcionários/fábricas) migrarem para o Iraque (especialmente para trabalhar na infra-estrutura).
  • Guerra do Golfo
Embora não tenha obtido êxito (sucesso) na guerra com o Irã, Saddam ainda planejada seguir som seu projeto do "Grande Iraque". Para isso, precisava de dinheiro para financiar um bom exército para lutar contra seus vizinhos. Numa época que o preço do barril do petróleo estava nas alturas, nada melhor pra conseguir dinheiro do que controlar uma região rica em petróleo. Daí a invasão do Kuwait em 1990: Saddam conseguiu uma saída para o Golfo Pérsico, Shopping Internacional do Petróleo. A ONU, em resposta à invasão, impõe sanções (punições provisórias) ao Iraque, tais como:
a) embargo econômico: ninguém compra e ninguém vende pro Iraque;
b) prazo de 6 meses para a retirada de Saddam do território do Kuwait e
c) criação de uma força de coalizão, liderada pelos EUA, que atacaria caso o prazo de 6 meses não fosse respeitado.

** Com a iminência de uma guerra, o Itamaraty (órgão de relações exteriores brasileiro) retira todos os brasileiros do Iraque por medida de segurança.

A resposta de Saddam foi simplesmente: "ماذا بحق الجحيم!?! (traduzindo: "What the hell?!) Só saio se Israel reconhecer o Estado da Palestina!" Era claramente uma forma de ganhar tempo, porque nem por todos os produtos das lujinhas os judeus iam ceder. Foi então iniciada, em janeiro de 91 (quando acabou o prazo de 6 meses), uma ação conjunta (liderada pelos EUA - George Bush Pai) foi iniciada contra os iraquianos. Começou a Guerra do Golfo, que teve duas fases:
  1. Janeiro de 1991: a coalizão ataca a infra-estrutura (abastecimento) no Iraque com ataques aéreos.
  2. Fevereiro de 91: invasão do Kuwait por terra pelas forças da coalizão. Saddam, que não era nada burro, já estava de volta ao Iraque, massacrando os curdos que tinham aproveitado a sua ausência para tomar o controle do país. Esse massacre dos curdos que tirou toda a popularidade que o presidente americano Bush estava tendo com a guerra (passou de libertador para causador do massacre dos curdos - etnia que luta pela criação de um estado próprio, o Curdistão, na região entre Iraque, Irã e Arábia Saudita).

  • Terrorismo
Com os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001 às duas torres do WTC e ao Pentágono, o mundo viu o início de uma guerra contra o terror, com o Bushinho liderando as forças pelo mundo livre (Doutrina Bush: guerra ao terror e Eixo do Mal). Com isso em mente, Bushinho invadiu o Afeganistão à caça de Osama Bin Laden, terrorista treinado pela CIA para expulsar os soviéticos em 79 e invadiu o Iraque pra terminar o serviço que o seu papai não conseguiu terminar: derrubar Saddam.
  1. Invasão do Afeganistão (2001): com apoio de Tony Blair (primeiro-ministro britânico), Bushinho invade o Afeganistão para derrubar o Talibã do poder e caçar Bin Lade. Conseguiu derrubar o Talibã e colocar no poder a Aliança do Norte, pró-Ocidente 9que hoje em dia vem perdendo espaço para o Talibã novamente). Não achou o Bin até hoje, mesmo ocupando ainda o território afegão.
  2. Invasão do Iraque (2003): novamente com apoio do Toninho Blair, Businho invade o Iraque com o falso pretexto de que Saddam teria armas de destruição em massa (na verdade, o motivo era honra da família: Saddam era o arqui-inimigo de seu pai quando este era presidente). Não só não conseguiu achar armas de destruição em massa, mas conseguiu deixar o país numa situação pós-guerra traumática: devastado, com conflitos quase que diários, política ineficaz, etc. Foi um desgaste enorme do ponto de vista econômico, militar e político, não conseguindo eleger sucessor (parte por causa da guerra, parte por causa da crise). Mas, pelo menos, ele conseguiu fazer Saddam sair do buraco (o que, por mais q a expressão seja usada pra um sentido bom, não foi nada bom pra ele) e levar a julgamento por crimes contra o povo iraquiano (foi executado).

Só faltou explicar aqui que o Islamismo é dividido em duas "frentes": os sunitas (como Saddam, que levam em conta o Alcorão e a Suna) e os Xiitas (levam em conta apenas o Alcorão e são tidos, erroneamente, como radicais).
Suna = livro sobre a vida pessoal de Maomé.
Alcorão = "bíblia" dos muçulmanos (regras religiosas).

É isso, Geografia acabou. Desculpem a demora e os erros. Qualquer coisa, comentem. Respondo os comentários assim que eu os ler e corrijo os erros assim que for avisado.

Abraços e boas provas!
Lembrete: plantões/aulas de física (com o Rodrigo, da G) e geografia (com o Félix, da F) na segunda-feira de tarde no Galois. Talvez segunda-feira de noite no skype (geografia com o félix) e terça de manhã, antes da prova (geografia com o félix).


17 comentários:

Anônimo disse...

mao ou bem.
hahaha.
primeira piada virtual sua que eu rio, parabéns, félix.
taveira.

Anônimo disse...

ditador mao.
hahaha.
dois pontos pra você.

Anônimo disse...

Félix,
creio que tu, assim como a maioria dos mortais, superestimas o poder de um presidente em uma democracia como a norte-americana. Muito mais que por interesses pessoais (honra familiar?), a invasão do Iraque tem conotação política e, principalmente, econômica (e viva o determinismo marxista). Mas, como tu mesmo afirmastes em outro resumo, a apreciação dessas motivações não constitui nosso objeto de estudo nessa ocasião, embora seja de vital importância na análise da atual política americana.

Grato,
George.

Mateus Félix disse...

George, tenho que concordar que os interesses pessoais ou familiares de um presidente, mesmo que da maior potência, não são motivo suficiente para o início de uma guerra como a do Iraque. Até porque os presidentes são meras marionetes controladas por interesses muito maiores por trás. Agradeço seus comentários sempre construtivos. E peço que me perdoe por não abordar temas tão relevantes nos resumos, mas é apenas por questões didáticas.

Agradecido,
Félix.

Anônimo disse...

félix, seu avião do amor atingiu em cheio as minhas torres do coração...

Unknown disse...

pqp... ai em cima só pode ter sido a ana bia - hummm
heuheuheuheuhe

Anônimo disse...

George,

devo discordar de seu ponto de vista sobre o poder dos presidentes nos EUA. Ora, se por lá o presidente tem o poder de conceder perdão a qualquer cidadão, seja lá o crime que estiver sendo acusado, parece claro que o poder está significativamente mais concentrado no executivo (logo no seu líder)do que nas outras democracias em geral.

Atenciosamente,

Aluno Anônimo

Anônimo disse...

Claudicação

Vejo esses como irrelevantes, entretanto acredito que cabe levantá-los.

1- A OPEP não majorou o valor do petróleo em 314%, sim amainou drasticamente sua exportação majorando sua procura, fato que levou a uma suplementação de 314% no seu valor.

2- Suna= interpretações e ensinamentos de Maomé.
Alcorão= texto literal da revelação de Alá a Maomé.

Cordialmente,
Rodrigo Vaz Costa

Mateus Félix disse...

Valeu Rodrigão!

Sim, a OPEP não aumentou o preço, até porque o mercado é regulado por oferta e procura, eles só abaixaram a oferta. Mas concorda que dá na mesma de dizer que aumentaram o preço.

E se eu digo que o Alcorão é a "bíblia" muçulmana, é o mesmo que dizer que é a revelação. E a Suna é, sim, mais interpretativa, motivo pela qual os Xiitas a rejeitam.

Grato,

Félix.

Anônimo disse...

FELIX ME PASSA SEU E-MAIL? :*

Mateus Félix disse...

mateus.felix@gmail
msn: mfdsm@hotmail.com

tem na barra lateral do blog, eu acho.

Anônimo disse...

Acho importante citar os motivos que a Inglaterra teve para invadir o Iraque junto com o Bushinho que foram:
Com o afrouxamento do embargo econômico por parte da ONU com relação ao Iraque este passou a trocar comida por petroleo, usando o Euro como moeda o que o valorizou perante à Libra Esterlina.

Assinado: Fã do Félix

Anônimo disse...

o certo é alcorão ou corão ?
eu já ouvi falar e já li os 2....

felipe martins

Anônimo disse...

Al = A
portanto tanto faz Alcorão (= A Recitação) ou Corão (= Recitação).

Abhner Yousef

Anônimo disse...

Aluno Anônimo,
sou obrigado a discordar. A prerrogativa de perdão presidencial, que eu desconheço mas provavelmente é concreta, não muda nada na prática. Caso contrário, poder-se-ia dizer que a instituição militar francesa mais importante é a sua Legião Estrangeira (com sua enorme autonomia burocrática, podendo até mesmo desafiar cortes marciais internacionais através de perdão irrestrito, etc), e, por extensão, a instituição mais poderosa da França. Mais concretamente, vê-se que nas guerras do Golfo, Vietnã (cuja retirada foi feita justo pelos republicanos), Iraque, a decisão foi sempre tomada através de votos do Congresso, que, por sinal, constitui o poder Legislativo, e não Executivo, ao que creditas tu um poder inexistente, tendo em vista a própria tripartite do poder pressupondo isonomia/autonomia.

Grato,
George.

Anônimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

george vai procurar sua turma!!!
pateta!!
abraço félix,robin hood