junho 26, 2009

A grande Guerra - Primeira Guerra Mundial

Buscando um melhor entendimento global sobre a Primeira Guerra Mundial, falarei rapidamente sobre os motivos (que não caem, mas são importantes para o desenrolar do conflito):
  1. Anarquia internacional: ausência de organismo internacional, como a Liga das Nações e da ONU (criadas posteriormente)
  2. Causas Nacionalistas: Pangermanismo, Revanchismo Francês, Paneslavismo, Iugoslavismo – motivações nacionalistas ou revanchistas (franceses versus russos versus alemães versus ingleses versus turcos e por aí vai)
  3. Questão do Oriente: junção da decadência do Império Turco-Otomano com o nacionalismo e separatismo dos países pertencentes ao Império, além da incerteza sobre o futuro dos territórios que estavam se fragmentando (as potências estavam lutando por colônias e/ou regiões de influência)
  4. Questão da Alemanha: a unificação da Alemanha e a criação do II Reich (Império Alemão) sob o comando de Otto Von Bismarck e, posteriormente, Guillherme II, causaram um desequilíbrio na Ordem Européia (Concerto Europeu), pois a Alemanha estava ameaçando a hegemonia industrial e bélica da Grã-Bretanha.
  5. Formação de alianças: em 1907 surgiu a aliança de França, Inglaterra e Rússia, que se organizaram para conter o avanço alemão e formaram a Tríplice Entente. Alemanha, Áustria-Hungria e Itália formavam, desde 1882, a Tríplice Aliança, que foi reforçada com a explosão da guerra.
  6. Crises Internacionais: fatos regionais como a crise no Marrocos entre França e Alemanha, a guerra Russo-Turca, as guerras balcânicas de independência dos países do Império Turco-Otomano e, finalmente, o episódio que precipitou a guerra – o assassinato do arquiduque Francisco Ferdinando, herdeiro do trono Austro-Húngaro, em visita à Bósnia (morto por uma organização terrorista paga pelos sérvios).

    Olhando apenas para o episódio do assassinato do F.Ferdinando, não entendemos o porquê de a guerra ter eclodido, pois a Bósnia era um território da Áustria-Hungria – analisando assim, foi um fato regional. Mas analisando os motivos para o assassinato (revanchismo dos bósnios) e que sérvios (principal povo eslavo do sul, como os bósnios) pagaram pelo assassinato, vemos que vai muito além de problemas regionais.

No mês seguinte ao assassinato, a Áustria-Hungria declarou guerra contra a Sérvia. Rússia e Alemanha mobilizam suas tropas (a Rússia com intenção de revidar a declaração feita pela AH contra a Sérvia, sua aliada eslava; Alemanha para prevenir qualquer agressão da Rússia contra a sua aliada AH). Poucos dias depois, Alemanha declara guerra contra a Rússia e já começa as conquistas para o lado ocidental (toma Luxemburgo e exige da Bélgica passagem livre para as tropas).
Antes que a França pudesse tentar retomar a Alsácia-Lorena da Alemanha, os alemães invadem a Bélgica e declaram guerra à França. A Grã-Bretanha declara guerra à Alemanha em defesa da aliada França. A Áustria-Hungria, para demonstrar apoio à aliada Alemanha, declara guerra à Rússia. Em defesa dos russos, ingleses e franceses declaram guerra aos austro-húngaros. Aí fica completa a bagunça. E de 14 a 18, o conflito militar se desenrola no grande campo de batalha europeu. Diz-se guerra mundial porque todos os países estavam direta ou indiretamente ligados à situação na Europa: 24 países se alinharam à Tríplice Entente, formando as Potências Associadas. Contra eles, a Tríplice Aliança e outros 4 países formaram as Potências Centrais. Ambos os lados acreditavam que seria uma guerra curta, mas o confllito durou de 1914 a 1918.

Separando em fases, a guerra pode ser dividida no período que vai de 14 a 16, depois o ano de 1917 e, finalmente, o ano de 1918:

  • 1914 – 1916: Impasse

Os combates concentraram-se na Europa, com alguns focos de conflitos nas colônias de ambos os lados. Os principais avanços territoriais foram os da Alemanha, que conquistou Luxemburgo e uma parte da Bélgica (do lado ocidental) e uma parte da Rússia ( do lado oriental), mas sem conseguir subjugar os países. Do outro lado, a Entente não conseguia reconquistar os territórios tomados pela Aliança nem conquistar territórios dos Turcos. Nesse impasse, criaram-se barreiras quilométricas nas fronteiras – grandes valas nas quais os soldados ficavam de prontidão para qualquer tentativa de avanço inimigo. E nessa situação, milhares de soldados morriam com as péssimas condições, às vezes sem comunicação ou isolados entre linhas inimigas. Por dois anos, as forças militares dos dois lados foram se exaurindo, e as forças armadas iam se esgotando – cada vez mais, civis eram recrutados para defender o país nos fronts de batalha. Além do desgaste militar, a popularidade dos governos e a economia dos países foram declinando com a demora da guerra.

  • 1917: Mudanças bruscas

Duas mudanças abruptas que mudaram o curso da guerra em 17 foram a Crise Russa (terminando com Revolução Socialista no país e a retirada do exército da guerra) e a entrada dos EUA no conflito ao lado da Entente. A revolução russa de 17 foi importante no conflito pela saída da Rússia da guerra, saída esta decidida pelo governo provisório dos socialistas (depois falo especificamente do caso da Rússia), e a CESSÃO de territórios à Alemanha (tratado de Brest-Litovsk). Com a saída da Rússia, a Alemanha pôde deslocar suas tropas do lado oriental para a frente ocidental para combater a Entente, que recebeu apoio dos EUA, que declararam guerra à Alemanha em abril, mesmo mês da Revolução Russa (ao contrário do que é hoje em dia, os EUA não eram uma potência militar – tinham um exército pouco treinado e sem experiência, além de relativamente pequeno). Os motivos principais para a entrada dos americanos foram: aliança econômica já existente com a Entente (se os seus aliados perdessem a guerra, não poderiam pagar as dívidas com os EUA); bombardeios constantes de submarinos alemães a navios de suprimento americanos no Atlântico e a descoberta de uma aliança secreta entre Alemanha e México para invadir os EUA.
A ajuda militar americana, na verdade, só foi sentida em 1918, pois de 17 a 18, o exército do Tio Sam estava sendo precocemente preparado para a guerra. Enquanto isso, na Europa, a Rússia já tinha declarado derrota para os alemães, que já estavam movendo as tropas para a frente Ocidental. Só em janeiro que os EUA puderam ajudar franceses e ingleses a impedir o avanço alemão no continente.

  • 1918: Virada e conclusão

Com a Alemanha vencendo a guerra na Europa, o presidente americano Woodrow Wilson fez uma proposta de paz baseada em princípios liberais, conhecida como “Os 14 pontos de Wilson”. Nesses pontos, ele defendia uma “paz sem vencedores”, com fim do conflito armado e restituição dos territórios de antes da guerra; acabava com os pactos secretos, exigindo clareza nos tratados de aliança e de paz entre os países; delimitava que os países dos Impérios devastados na guerra (AH e Turco-Otomano); instituía a criação de um organismo internacional que garantisse a paz entre os países, o desarmamento e a democracia numa nova ordem mundial. Como resultado, Wilson recebeu um não de todas os lados, inclusive dos aliados, que tinham pactos secretos e esperavam conquistar territórios para depois da guerra.

Entre os meses de março a julho, superando o cansaço das tropas e a falta de aliados (AH estava destruída, Sérvia e Romênia derrotadas), os alemães lançaram uma ofensiva contra a Entente, atacando principalmente o norte da França (principal ponto de ação dos franceses e ingleses). Com a chegada de reforços americanos, a Entente resistiu à ofensiva e, com os ‘ianques’, foi organizada uma contra-ofensiva a partir de agosto – e foi o que virou a guerra para o lado da Entente: os alemães tiveram que recuar, acabando com a moral do Exército de Guilherme II. Entre agosto e outubro, Alemanha, AH, Turquia e Bulgária (todas da Aliança), estavam acabadas. População revoltada com a continuação da guerra e passando fome, movimentos anti-governistas, greves e tudo isso sob ataque constante do inimigo – com o colapso militar, Turquia, Bulgária e AH se renderam. Em novembro, com a derrubada do kaiser Guilherme II, o governo provisório alemão declarou rendição.

Detalhe importante: apesar da rendição, os alemães não tinham perdido território, o exército ainda estava agüentando firmemente nas fronteiras dos países ocupados e não havia nenhum exército inimigo dentro do país. Tudo isso fez com que a população encarasse a rendição como algo anti-patriótico: uma decisão governamental contrária aos interesses nacionais e aparentemente sem motivo – foi como uma facada nas costas dos alemães (daí a criação do “Mito da facada nas costas”, que foi um dos motivadores da 2ª Guerra).

Fim da guerra. Era preciso um conselho entre os países vencedores para delinear uma nova ordem mundial de territórios, alianças, políticas... No Palácio de Versalhes, nos arredores de Paris, foi feita a Conferência de Paz de Paris (1919-1920), que teve como principal documento o “Tratado de Versalhes”. Era uma prestação de contas, na verdade, dos vencedores para os perdedores: a Alemanha, considerada única perdedora, teve de pagar indenizações astronômicas aos vencedores; proibia a aliança entre Alemanha e Áustria (país que ‘sobrou’ das ruínas da AH), além de diminuir suas forças armadas, retirar seu exército das fronteiras, devolver os territórios conquistados e ceder colônias. Além disso, o Tratado de Versalhes foi responsável pela criação da Liga das Nações, organismo que reuniria representantes das principais potências para manter a ordem mundial. A principal consequência das medidas do Tratado foi a humilhação e mutilação territorial da Alemanha, gerando um sentimento de revanchismo (percebido na 2ª Guerra).


Voltando agora num fator regional do período de 14 a 18, que eu não detalhei ainda – a Revolução Russa de 1917
Fases:

  • Revolução de Fevereiro (no nosso calendário, seria março): foi uma revolução popular anti-czarismo com o intuito de instalar na Rússia uma democracia capitalista, fazer a reforma agrária, acabar com a crise econômica gerada pela participação na guerra e retirar o exército da guerra na Europa.

Conseguiram derrubar a monarquia do Czar Nicolau II, instalando um governo provisório liderado por socialistas e liberalistas, com apoio inicial dos sovietes (grupos radicais de operários). Governaram no governo provisório: Lvov (liberal, de março a julho)e Kerenski (socialista moderado -menchevique, de julho a outubro). No governo de Kerenski foram feitas várias mudanças importantes na conjectura social/política, como a instituição da liberdade de expressão, a convocação de uma Assembléia Constituinte e a manutenção do exército russo na guerra para honrar a aliança com franceses e ingleses. Apesar das mudanças, foi um governo impopular: cada vez mais os sovietes queriam poder político e o povo estava insatisfeito com a guerra, que gerava uma crise econômica mais profunda a cada dia. Surgiram então alguns sovietes de oposição, liderados por Lênin (bolcheviques), que defendia uma revolução socialista. Seus argumentos: (I) o capitalismo será destruído com a Primeira Guerra, (II) não há porque defender o capitalismo russo se o capitalismo vai quebrar no mundo e (III) uma revolução socialista na Rússia se expandiria para o mundo, criando uma nova ordem de paz. Seus lemas para atrais o apoio do povo eram: “Paz, terra e pão” (retirada da guerra, reforma agrária e produção agrícola para consumo interno) e “Todo o poder para os sovietes” (acabando com o governo provisório e dando-o para o povo, teoricamente).

  • Revolução de Outubro (na verdade novembro) ou Revolução Comunista (bolcheviques contra mencheviques): foi a derrubada do governo do Kerenski e a instalação de um governo soviete socialista.

Derrubado Kerenski, sobe Lênin ao poder. Principais mudanças: retirada do país da guerra (Tratado de Brest-Litovsk), instalação do regime socialista (nacionalização das empresas), reforma agrária, cancelamento da dívida externa, criação do Decreto das Nacionalidades (independência/autodeterminação dos povos do Império Russo) e fechamento da Assembléia Constituinte (censura, proibição de greves e perseguição aos mencheviques e partidos “burgueses”.

22 comentários:

Anônimo disse...

O professor disse que supostamente foram os sérvios que mandaram o grupo da bósnia assassinar F. ferdin... só que você não pode afirmar isso como verdade, é apenas uma SUPOSIÇÃO

Anônimo disse...

Félix, pq vc odeia tanto o socialismo?

Anônimo disse...

"...e a seção de territórios à Alemanha..."

isso por acaso era pra ser cessão? u__u

Mateus Félix disse...

Era pra ser cessão sim, my mistake.

E sobre o fato do assassinato ser pago pela Sérvia ou não, independente de ser uma suposição, foi tal suposição que levou o governo Austro-Húngaro a declarar guerra aos sérvios, em primeiro lugar. Ou seja, por mais que não esteja claro até hoje se foi ou não pago, para os autro-húngaros a dúvida foi o suficiente para iniciar a guerra.

Abraços e boas provas!

Anônimo disse...

félix,tem uma previsão de quando sai os resumos de geografia e biologia? obrigada! =*

Anônimo disse...

e os resumos de geografia e biologia?

Anônimo disse...

cade os resumos felix?

Mateus Félix disse...

biologia e geografia até amanhã de tarde. e uma revisão rápida antes da prova segunda -feira.
abraços

Anônimo disse...

oh felix, será que voce pode colocar primeiro o de geografia?

Anônimo disse...

oh felix, será que voce pode colocar primeiro o de geografia?

Anônimo disse...

oh felix, será que voce pode colocar primeiro o de biologia?

Anônimo disse...

GEOGRAFIA
GEOGRAFIA

Anônimo disse...

Biologia biologia cade os resumos felix?

Anônimo disse...

oh felix, será que voce pode colocar primeiro o de biologia?

Anônimo disse...

PRIIMEIRO BIOLOGIA

Anônimo disse...

PRIMEIRO GEOGRAFIA

Anônimo disse...

biologia

Anônimo disse...

cade os resumos felix?????????

Anônimo disse...

GEO PLIS!

Anônimo disse...

GEO PLIS!

Anônimo disse...

Nice brief and this enter helped me alot in my college assignement. Gratefulness you seeking your information.

Anônimo disse...

Il semble que vous soyez un expert dans ce domaine, vos remarques sont tres interessantes, merci.

- Daniel