Arte Moderna Brasileira
O modernismo artístico brasileiro se inicia com a Semana de Arte Moderna de 22, mas antes disso alguns artistas fizeram exposições de arte anti-acadêmica, como Anita Malfatti em 1917, após voltar de seus estudos na Europa. Sua pincelada gestual, sua temática generalista (pinta paisagens sem fazer nenhuma especificidade da arte brasileira) e sua falta de perspectiva (influência do expressionismo) chocaram o público. Monteiro Lobato (escritor e crítico), fez-lhe uma crítica ferrenha, chamando-a de louca e de anti-nacionalista. Porém, 5 anos mais tarde, Anita retorna com outros artistas para as exposições da Semana de Arte Moderna – e os 5 anos fizeram uma enorme diferença no quesito aceitação popular: a Semana foi bem-sucedida tanto entre o público geral como com a burguesia do Café, que bancou o movimento.
E aí entra um grande paradoxo da arte brasileira: o modernismo é uma arte anti-acadêmica, logo uma arte anti-burguesa. Como então foi apoiada pelos Barões do Café, alta burguesia de São Paulo?? Vai saber. O fato é que os modernistar fizeram sucesso com os burgueses e com o governo.
Os principais artistas de 22 foram:
- Anita Malfatti;
- Vicente do Rego Monteiro (pintou uma arte de cunho popular, com temas nacionalistas; sua técnica é de influência CUBISTA – lembrem disso!);
- Di Cavalcanti (pintor das mulatas, que para ele representavam o exótico e o sensual na cultura brasileira, além do índio e de outros elementos mais primitivos do país);
- Tarsila do Amaral (pintora da principal obra da Semana – “O Abaporu“, com influências surrealistas e antropofágicas).
Com a eclosão e a conseguinte expansão do movimento, surgiram duas vertentes de modernistas: os radicais (liderados por Oswald de Andrade) e os moderados (liderados por Monteiro Lobato). Dos radicais, podemos notar ainda duas fases…
1925: Fase Pau-Brasil – com sentimento ufanista e nacionalista, os artistas pintavam temas nacionais (natureza, matas, índios, mulatas). Um exemplo é a artista Tarsila do Amaral, que se disse envolvida de um sentimento ufanista (de volta às raízes) e começou, na França, a pintar temas brasileiros.
1928: com o “Manifesto Antropogáfico”, de Oswald de Andrade, surge a Fase Antropofágica– com o intuito de “engolir” todos os aspectos da cultura estrangeira e vomitar uma cultura nova e cheia de componentes nacionais (mitologia indígena, por exemplo), os antropofágicos foram muito influenciados pelo surrealismo. Um exemplo é a própria obra “O Abaporu”, que se baseia em aspectos da mitologia indígena de rejeição da cultura estrangeira e ao mesmo tempo uma fusão de aspectos artísticos próprios das vanguardas européias. Além de Tarsila do Amaral e do próprio Di Cavalcanti, temos como expoente da Fase Antropofágica o pintor Cândido Portinari, famoso por suas obras de cunho político (fazia encomendas governamentais) e por suas obras sobre os retirantes (regionalismo idealizado: era a visão de um paulista burguês dobre os problemas dos sertanejos nordestinos).
Em suma, o modernismo brasileiro se resumiu a um caleidoscópio (mistura, fusão desordenada) de vanguardas européias no intuito de se criar uma arte nova e brasileira.
A arquitetura moderna – seguiu analogamente às outras artes, como uma mistura de conceitos europeus construtivistas, expressionistas, surrealistas…
O modernismo foi se espalhando pelo Brasil nas décadas de 30 e 40, quebrando a hegemonia de SP e do Sudeste como um todo, criando também novas vertentes do movimento – artistas mais ligados à crítica do que à temática; regionalismos acentuados no Nordeste, entre outros.
Pós-Guerra (décadas de 50 e 60)
Com o fim da guerra (2ª Guerra Mundial), novas escolas artísticas começaram a surgir em detrimento de antigas escolas de cunho ideologista muito forte. Como assim? Antes da Guerra, as escolas artísticas eram carregadas de ideologia social/política, levando ao conflito de idéias entre elas. Depois da guerra, o objetivo era criar uma arte menos politizada e mais voltada para a arte em si, não para ideologias. Nesse contexto, surgem algumas novas escolas; entre elas:
- Concretismo: arte não mais figurativa (que não mais se preocupa em representar o mundo real); sem aspectos nacionalistas ou ideológicos. É a arte por si só.
- Tachismo: pinceladas/cores fortes e livres que expressam uma forte carga emocional do artista; pintura em “manchas” livres sobre a tela.
- Neo-concretismo: fusão do concretismo com a abstração do tachismo, gerando uma arte mais informal e mais abstrata (mais subjetiva).
Nesse contexto temos que entender também a transformação das obras de arte em produtos de mídia de uma verdadeira e crescente indústria cultural. Como divulgação desses “produtos”, temos as bienais. Uma delas, a de 51 em São Paulo, foi importantíssima para trazer ao Brasil essas novas escolas artísticas.
Na década seguinte, em 60, surge um novo tipo de arte que resiste à censura da ditadura: a arte conceitual. Arte conceitual é uma arte que se baseia em idéias que, por serem subjetivas e variáveis de acordo com o observador, se tornam efêmeras – evitando, assim, a taxação ideológica e a censura do regime militar.
Escolas pós-modernas
O conteúdo é expressionismo abstrato, pintura em campos de cor , minimalismo, op art, neodadaismo e pop art, arte conceitual (arte da terra e arte do corpo), neoexpressionismo e desenho industrial (+ Bauhaus).
Expressionismo Abstrato
· As manchas e massas de cores são criadas pelo corpo do artista que pinga a tinta na superfície (Jackson Pollock). Outros artistas preferem pinceladas gestuais (Franz Klain, De Kooning).
· “Action Painting” é uma ramificação nos Estados Unidos. A figura central da pintura de ação é Pollock, pingava, deramava a tinta sobre a tela deitada no chão, cobrindo-a totalmente, anulando a perspectiva renascentista. Esse tipo de pintura representa a grande instintividade com que os pintores a produziam, agregando a ela uma grande carga de emoção.
· As obra são bidimensionais e muitas vezes são produzidas sem a presença de um cavalete (apoio de telas), pois, uma vez que elas estejam no chão, há a possibilidade de uso de diferentes maneiras de se pintar.
· Formas: Expressão (emoção), inconsciente (surrealismo), abstração.
Pinturas em campo de cor
· Uma cor aplicada em uma superfície ranslúcida com planos emoldurados.
· os artistas escolhiam a abstração pela sua ausência ideológica, pois eram estrangeiros morando nos EUA.
· Significado unicamente emocional.
· Ênfase na cor. Atmosfera de contemplação.
· Principais artistas: Mark Rothko, Newman.
OP arte
· Formas geométricas repetidas e ritmadas provocando a sensação de vibração e pulsação, movimento e cinetismo.
· Arte que assim como a vida contemporânea está em constante alteração.
· Esta invenção plástica do movimento propiciou a invenção dos móbiles.
· É bidimensional, porém pode apresentar ilusões de ótica que fazem com que a pintura tenha uma terceira dimensão.
· O racional e o abstrato se fundem.
· Principais artistas: Bridget Riley, Alexander Calder, Youri Messen-Jaschin
Minimalismo
· Influencia do abstracionismo geométrico (neoplasticismo, construtivismo).
· Não–objetiva, não–subjetiva, não-figurativa , não-expressionista…
· Idéias próximas do neoconstrutivismo e suprematismo.
· Redução da arte a sua forma mais pura.
· Formas geométricas como cubos, cilindros, empilhados e repetições em série (Ritmo).
· Bidimensional e tridimensional (esculturas).
· Influenciou a arquitetura contemporânea.
Arte Conceitual:
· A idéia é mais importante que o objeto artístico. Atinge diversas formas de arte. (Consegue contornar a censura política e artística pois a obra em si não propõe nada de contrário ao regime/ideologia dominante, mas a idéia por trás é crítica).
· Originada por Marcel Duchamp (inicialmente dadaísta e neodadaísta), mas só foi difundida a partir dos anos 60.
· Vertentes: arte da terra (Land Art) e arte do corpo (body art).
Land Art (arte da terra)
· Formas abstratas em espaços naturais. Esculturas gigantescas em terra.
· O indivíduo penetra e engloba a obra, participa.
· Materiais: terra e matéria orgânica.
· Ocupa certo espaço físico já existente ou é construído em certo espaço naturalmente.
· Principais artistas: Robert Smithson, So LeWitt.
Body art (arte do corpo)
· A Arte surge da interferência sobre o corpo (cortando, dançando, cantando, fazendo esculturas com sangue, etc. O corpo é o próprio suporte).
· Associada ao “happening” e à arte conceitual.
· Usa materiais do próprio corpo: sangue, pele, esperma, cabelo, saliva.
· Ocupa um espaço físico , normalmente como um happening que pode ser gravado para posteriormente ser divulgado.
· Tem referências com a premissa do dadaísta Duchamp em que “tudo pode ser usado como uma obra de arte”.
· Principais artistas: Bob Flanagan, Rudolf Schwarzkogler, Yves Klein.
Pop Art
· Se relaciona com o Neodadaísmo (também conhecido nos Estados Unidos por “Arte Junk” construída a partir de materiais sem qualquer valor como lixo, entulho e ferro-velho) dos anos 50 e o Novo Realismo francês.
· Os materiais utilizador são fotografias, serigrafia (espécie de carimbo), plástico, telas e apropriações.
· Retrata pessoas famosas, produtos de consumo em massa (HQ’s – Roy Lichtenstein, capas de CDs – Peter Blake) com o objetivo da crítica irônica ao bombardeamento da sociedade capitalista pelos objetos de consumo da época.
· A utilização de ready mades e apropriações de formas já anteriormente expostas representam a perda e reconquista do sentido (Andy Warhol e suas garrafas de Coca – Cola e sopasCampbell).
· É uma arte marcada por ser racional e imediata, não existem subjetividades a serem consideradas.
· Arte Pop x Arte Erudita, até que ponto a arte pop pode ser considerada arte? Sendo que ela já nasce na concepção que precisa vender e ser vendida.
· Principais artistas: Andy Warhol, Roy Lichtenstein…
Figurativismo ou Neo- expressionismo:
· Normalmente são telas com grande carga emocional, herança herdada do expressionismo.
· Essa carga emocional é direcionada para a deformação e pessimismo. Os artistas observam o mundo com desconfiança. Obras políticas com caráter de social e de crítica ao governo.
· Surge em contraposição ao Minimalismo e a arte conceitual e seus happenings. Queria retratar emoção declarada, a pintura como meio de expressão.
· Utilizam as mesmas pinceladas vigorosas do expressionismo, além de usar materiais alternativos.
· Volta à figuração, mas ainda há abstração em algumas obras e em traços de alguns artistas.
· Principais artistas: Anselm Kiefer, Eric Fishl, Albert Oehlen…
Desenho industrial:
· Arte transformada em estudo prático para uso profissional;
· Mistura de funcionalidade e estética para uso comercial.
· Bauhaus: escola de design, arquitetura e desenho industrial (vanguardista) que funcionou de 1919 a 1933 na Alemanha. Valorizava a produção industrial e a funcionalidade acima da estética – funcionalismo: contrário a excesso de decoração. (Abaixo, poltrona Barcelona, da Bauhaus).
2 comentários:
Amei! Me ajudou muito! Muito bem explicado, obrigada :)
são muito complexas sobre assuntos palavra e as questões é as afirmatias, muito inteligente !.
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