março 23, 2009

Fisiologia Humana I

A matéria do Lasneaux, Fisiologia, começa com o conceito de Homeostase. Assim como tudo na natureza, os organismos vivos buscam sempre um equilíbrio interno (existem variáveis que precisam sempre ser mantidas: temperatura, nível de O2, H2O, pH, glicose, etc). Essa manutenção da constância interna é chamada de Homeostase.

A fim de auxiliar na homeostase, o organismo se utilliza de mecanismos de manutenção. São eles: a excreção (pôr para fora os excessos), a alimentação (pôr pra dentro o que falta), os hormônios (regulação de fatores estruturais) e fatores comportamentais (tais como proteger-se do frio, tomar banho frio no calor, etc). Exemplos de manutenção interna:

  • Ritmo/ciclos Circadianos (duram 24h): nas passagens do período de sono e de vigília (período 'acordado'), existe um mecanismo de regulação da atividade metabólica que se baseia na ausência/presença de luz. O processo se dá da seguinte maneira: quando o organismo reconhece a presença de luz no ambiente, uma glândula (a glândula pineal) inibe a produção do hormônio melatonina. Com o nível de melatonina baixo, o cérebro acelera o funcionamento to metabolismo para o período de vigília (isso se mantém no período em que há presença de luz). Quando há ausência de luz, a glândula pineal aumenta a produção de melatonina, informando ao cérebro que as funções metabólicas devem ser reduzidas para o período de sono (daí chamar a melatonina de hormônio do sono).
  • Vida em grandes altitudes (acima de 2.800 metros): nessas condições, a taxa de oxigênio do meio é bem reduzida, o que leva o corpo a tomar medidas de curto, médio e longo prazo para tentar aumentar a capacidade de captação de O2. A curto prazo, a medida tomada pelo corpo é o aumento da frequência cardíaca (taquicardia), aumentando a velocidade da circulação de sangue e, consequentemente, de O2. A médio prazo, a circulação pulmonar aumenta, com o objetivo de melhor aproveitar o O2 que passa pelos pulmões (com o aumento dessa circulação, existe o risco de se formarem edemas pulmonares – inflamações no pulmão). A longo prazo, o organismo começa a produzir mais hemoglobina (molécula transportadora de O2 no sangue). Muitos atletas usam desse método para tentar aumentar a capacidade respiratória antes de competições importantes – doping natural.


Homeostase – Controle Térmico

Dentre os animais existem aqueles que mantém sua temperatura balanceada com a do meio (animais exotérmicos, ectotérmicos ou pecilotérmicos) e aqueles que mantém sua temperatura corporal a um nível constante, independente das mudanças do meio (endotérmicos ou homeotérmicos).

Animal x Controle Térmico

Fonte de Calor

Metabolismo

Exemplos

Endotérmico

CORPO

ALTO

AVES E MAMÍFEROS

Exotérmico

MEIO EXTERNO

BAIXO

OUTROS

(répteis, anfíbios, peixes...)


O Controle Térmico (termorregulação – manter a temp. interna em +-36ºC) no homem ocorre em três zonas de temperatura ambiente:

  • Até 27ºC : FRIO. Os mecanismos de termorregulação são o tremor (aumenta a movimentação dos músculos, gerando calor), o arrepio (cria uma fina camada de ar entre os pêlos – o ar é isolante térmico, evitando a perda de calor) e a vasoconstrição periférica (as veias e artérias periféricas se contraem, evitando a área de perda de calor do sangue para o meio).
  • De 27ºC a 31ºC: não há termorregulação.
  • Mais que 31ºC: CALOR. Mecanismos: sudorese (a água do suor expele calor para fora do corpo) e vasodilatação periférica (veias e artérias periféricas se dilatam para facilitar a perda de calor do sangue para o meio – pele fica mais avermelhada).


Caso os mecanismos de termorregulação não sejam eficazes para manter a temperatura interna constante, podem ocorrer distúrbios, como a Hipotermia e a Hipertermia:

  • Hipotermia: temperatura do corpo abaixo dos 36ºC. Pode ser causada pela queda da temperatura do ambiente, pela baixa atividade de certos hormônios e por medicamentos. Retarda a circulação sanguínea e pode levar à parada cardíaca.
  • Hipertermia: temperatura do corpo acima dos 36ºC. Pode ser causada por um aumento da temperatura ambiente, por drogas (estimulantes como ecstasy, cocaína e anfetamina). Pode causar convulsões, desidratação e febre, entre outros.

Obs: a febre é uma reação do sistema imunológico a infecções. O mecanismo é o seguinte: o organismo reconhece a infecção e manda uma substância pirogênica (piro = fogo, calor) ao hipotálamo (regulador térmico), que aumenta a temperatura corporal com o objetivo de aumentar a ação do sistema imunológico e a defesa do corpo. A febre acontece em fases. A primeira fase é o calafrio (como o hipotálamo regula a temperatura ideal do corpo para mais que 36ºC e o corpo ainda está em 36ºC, a sensação é de frio repentino até que o corpo aumente a temperatura. Aí começa a fase da febre propriamente dita. Depois que o sistema imunológico já agiu contra a infecção vem a fase final: o suor, que é o mecanismo de esfriamento do corpo, que o hipotálamo novamente regula para 36ºC.




Fisiologia Humana – Sentidos

Automaticamente associamos os sentidos aos cinco sentidos básicos, mas na verdade são bem mais (não, Ana Bia, não conta o "Sensor-Aranha"). Visão, olfato, audição, paladar e tato são apenas os mais básicos e mais perceptíveis; equilíbrio, pressão e dor, por exemplo, também são sentidos. Mas o que especificamente são os sentidos? São setores do organismo que, juntamente com o cérebro (que interpreta as sensações), captam estímulos e os transformam em informações. Os responsáveis por captar esses estímulos são os receptores. Receptores nada mais são que terminações nervosas especializadas que captam e transmitem os estímulos do meio para o cérebro. Podem ser caracterizados como:

  • Interorreceptores: captam estímulos internos (pressão sanguínea, pH, etc).
  • Exterorreceptores: captam estímulos externos (luz, odores, etc).
  • Mecanorreceptores: captam estímulos mecânicos – movimento (tato, audição, equilíbrio).
  • Quimiorreceptores: estímulos químicos (olfato, paladar).
  • Fotorreceptores: estímulos visuais – ausência/presença de luz (visão).
  • Termorreceptores: estímulos térmicos – variação de temperatura (tato).
  • Nociceptores: estímulos nocivos ao organismo (dor).

Sistema sensorial: ESTÍMULO captado pelo RECEPTOR, enviado em forma de SINAL ELÉTRICO pelos NERVOS para o SISTEMA NERVOSO CENTRAL (em especial o cérebro).

  • Sinestesia: "confusão" de sentidos. Por exemplo: o gosto de uma comida (mistura do olfato e do paladar para formar o estímulo como um todo); super-dotados (ou loucos mesmo) que enxergam cada número/fórmula de uma cor; etc.

Vejamos agora os sentidos em si:

  • Equilíbrio: mecanorreceptores específicos chamados protoceptores (encontrados na pele, nos tendões, nas articulações, nos músculos) são acionados por alterações de movimento, posição, velocidade e direção. Essas alterações são balanceadas pelo SNC (Sist, Nervoso Central), que aciona os músculos, os ossos, os tendões, etc. para manter o equilíbrio do corpo.
  • Olfato: quimiorreceptores nas fossas nasais (bulbo olfatório) captam alterações de concentrações químicas no ar e mandam, pelo nervo olfatório, ao cérebro (que, no homem, consegue distinguir cerca de 350 "cheiros").
  • Paladar: quimiorreceptores nas papilas gustatórias (ou gustativas) reconhecem a composição química do alimento,: ; informando ao cérebro, que junta com o cheiro do alimento e dá o sabor. A língua, diferentemente do que acreditava-se, não tem um mapa de sabores. O que ocorre é que os receptores de doce, amargo, azedo e salgado se encontram espalhados de maneira não uniforme pela língua.
  • Tato: conjunto de sensações cutâneas (da pele), tais como dor, pressão e temperatura. Existem receptores para cada tipo de estímulo:

    - Meisner (pressão leve – mecanorreceptor);

    - Vater-Pacini (pressão forte – mecanorreceptor);

    - Ruffini (calor – termorreceptor);

    - Krause (frio – termorreceptor);

    - Terminação livre (dor – nociceptor).

  • Audição: ocorre pela recepção de ondas mecânicas na orelha interna.

A orelha (ou ouvido) é dividida em 3 áreas:

  1. Orelha Externa: pavilhão auditivo e canal auditivo.
  2. Orelha Média: membrana timpânica (tímpano), sequência dos ossículos (alavancas – ampliam as ondas) martelo, bigorna e estribo e a tuba auditiva (ou trompa de Eustáquio – responsável por equalizar a pressão na membrana do tímpano através do controle da entrada de ar – ligação com a faringe).
  3. Orelha interna: canais circulares com líquido e sensores de vibração que captam a frequência das ondas sonoras e transportam-nas pelo nervo auditivo ao cérebro.

Creio que a matéria é só até aí. Algumas salas ele deu visão, na minha ele só deu até Orelha Média.

Plantão de dúvidas- estarei ministrando (ó que chique!) no prédio azul durante a tarde de segunda-feira. Qualquer coisa, me procurem ou comentem aqui pelo blog mesmo.

Abraços,

Félix.



4 comentários:

Anônimo disse...

vc esqueceu das receptores fungiforme, circunvalada, et.

Anônimo disse...

Félix,
é relevante que as seguintes ressalvas sejam feitas:
um edema pulmonar não é uma "inflamação" no pulmão, como afirmastes, e sim um acúmulo excessivo de água nos tecidos devido à intensa circulação de sangue não acompanhada por correspondente fluxo nos vasos linfáticos, responsáveis por "retirar" o excesso de água dos tecidos;
a substância pirogênica não é liberada pelo nosso sistema de defesa, e sim pelos próprios agentes infectantes, em especial as bactérias Gram negativas (que por possuírem uma camada de peptidoglicanos relativamente pequena e protegida por outra “membrana plasmática” são mais resistentes a antibióticos e não se colorem na presença do composto usado por Gram).
Grato,
George.

Mateus Félix disse...

Ok, corrigirei os edemas...
e a substância pirogênica...

Anônimo disse...

Félix,
pelo que parece, a substância pirogênica é mesmo produzida pelos macrófagos, desculpe-me pela intromissão indevida.
George.